Recebi há exatamente 54 minutos a seguinte frase enviada pelo Whatsapp pela minha irmã mais velha:"nossa mãe acaba de falecer".
Já sabia que ela estava em fase terminal. Já aguardava para mais dia menos dia a notícia de seu passamento. Mas pelo Whatsapp? Quem nesse mundo de meu Deus informa a alguém o falecimento de um ente querido pelo Whatsapp?
Depois de chorar o que ainda restava de lágrimas que ja caiam desde a semana passada, abri o Evangelho e fiz a oração para quem acabou de deixar o corpo físico. Continuei num choro misturado à gratidão pelo fato da mamãe ter morrido aos poucos no último mês dando tempo a todos nós para nos prepararmos. Gratidão pelo fato de, embora estivesse se retirando desse enorme palco, não tenha tido dores.
Foi saindo, devagarinho. Fortuitamente como costumava fazer quando algo lhe aborrecia. A história ia de boca em boca sobre o fato dela "juntar a bolsa" e desaparecer dos ajuntamentos da família.
Não brigava. Não reclamava. Não xingava.
Juntava a bolsa e sumia. Sem alarde.
E assim fez. Talvez estivesse aborrecida com a vida.
Talvez estivesse apenas cansada. Às vezes nos cansamos de viver.
Fato é que se foi.
Deve ter dado uma boa olhada e pensado: "É. O que vim fazer já foi feito. Hora de voltar."
Dona Aparecida ainda vão contar muitas histórias sobre a senhora.
Ainda se vai falar muito no seu nome.
A senhora deixa uma família grande.
"Vó do Bé". "Dodó". "Vó". Cada neto, cada bisneto usa uma forma para se referir à senhora.
"Minha mãe" é a forma escolhida por alguns filhos.
"Mamãe" por outros. Eu inclusive.
Voltando à questão do Whatsapp, compreendi que minha irmã não conseguiria ter cumprido sua doída missão de me informar de outra maneira. Com certeza chorando muito não iria nem conseguir falar.
Nessa hora agradeci a modernidade. Mesmo que para tão triste uso.
21/03/2019 completaria 91 anos.
Me espere mamãe que prometo não me demorar muito para ir ao seu encontro.